A imagem cinematográfica









O estudo de Deleuze sobre o cinema a partir de Bergson não é, como ele diz, apenas uma taxonomia das imagens cinematográficas, ou uma tentativa de adequar o "ato de criação" da filosofia e do cinema. É preciso ir além disso e se pensar como a partir de seu estudo é a transformação de uma "ideia" da realidade a partir da "imagem" o que se coloca em questão.

A imagem tal como a entende Deleuze a partir de Bergson e do cinema não é a expressão de uma Ideia, repetida de modo diferente, ainda que se limite ou seja limitada à Ideia. Ela é "em si", diferente, diferenciada, diferente e diferenciando-se constantemente de uma Ideia em si, e se se diz em si é senão como "movimento", como uma "imagem-movimento", portanto, que não é a imagem de uma matéria em movimento e, sim, uma imagem material em movimento em si.

Não se opõe a uma ideia, mas não se reduz a ela, não se deixa dominar por uma Ideia ou por "um único ponto de vista" e, deste modo, não constrói uma visão da realidade total ou totalizante, faz da realidade não total e não totalitária. Retira de "um" sujeito a visão de "um" objeto, a visão de "uma" realidade.

Neste sentido, não é o cinema que se coloca apenas em questão, é a arte e a filosofia, bem como a realidade não por menos atual na qual o cinema não perde espaço para o "streaming" ou o "ao vivo", muito menos para os vídeos nas redes sociais nos quais se passa horas assistindo. Pelo contrário, o cinema produziu tudo isso juntamente com a fotografia e a música.

Por isso, não faz sentido opor um "fato verdadeiro" a um "fato falso", "fake news", nas redes, pois tudo não passa de uma "montagem" de imagens-movimentos" como narrativa da realidade, da construção de uma realidade que não pertence mais ao sujeito mais do que ao objeto e a "outro" sujeito por trás da "câmera" ou "câmara escura" na qual a verdade se "revela".

O virtual produz o atual e o que é atual se torna real.

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