Espaços imaginados
Segundo Kant, o espaço é o que sensivelmente nos permite pensar no fora, mas que está dentro de nós, neste limite fronteiriço entre o nosso corpo e o corpo dos outros. Nunca habitamos um espaço neste sentido, apenas nos sentimos nele, como se ele mesmo fosse algo exterior, isto é, imaginamos que estamos no espaço quando ele é que está em nós.
Difícil dizer se Kant é utópico ou distópico neste caso, categórico ou sublimático, colocando-se dentro das possibilidades do conhecimento ou indo além dele em sua concepção de espaço, mas o que podemos dizer é que quanto ao espaço estamos sempre no limite de nós mesmos e dos outros, do dentro e do fora.
Quantos espaços imaginados podem existir? Uma possibilidade infinita. Em quantos existimos? Numa quantidade muito limitada se levarmos em conta nossas casas pintadas de cores uniformes, com iluminação uniforme, móveis padronizados por indústrias de móveis.
Ao ver o ensaio sobre os espaços imaginados por Dominique Gonzalez-Foerster, no ensaio de Victor Gorgulho, podemos ter uma dimensão do quanto nossos espaços imaginados são estéreis em vez de etéreos, o quanto nossa imaginação é reduzida em consequência deles e não estendida por eles com arte. Na pandemia, muitas pessoas começaram a perceber os espaços em que vivem e a modificarem-nos e este talvez seja o começo de uma nova história de nossa relação com os espaços dentro e fora de nós.
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