Kafka e a literatura menor

Em "Kafka: por literatura menor", Deleuze e Guattari transformam a literatura numa expressão política, não propriamente como um meio de exprimir, porém, um posicionamento político, ainda que este seja um dos seus efeitos.

Suas análises da literatura são revolucionárias como é a literatura menor em sua característica política ou em seu jejum, como foi revolucionário o jejum de Gandhi, o artista da fome de Kafka.

Se aquele que fala e escreve literatura jejua, aquele que escuta e lê se alimenta senão da literatura, é aquele que tem fome das palavras em seus ouvidos, sentidos. O primeiro desterritorializa a linguagem que o segundo reterritorializa em si.

Se há "um" "sentido" na literatura, não é para quem fala e escreve, apenas para quem escuta-lê, do mesmo modo que o jejum não faz sentido para aquele se alimenta ordinariamente senão como uma expressão revolucionária, que modifica o sentido ordinário de sua vida.

A literatura menor é jejum de uma literatura maior que somente aqueles que passam fome, ou são obrigados a passar fome, conseguem entender em seu sentido revolucionário.

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