O devir-filósofo
Todos aqueles que ousam criar em filosofia, são expulsos dela, de sua história, desde Platão e sua expulsão dos artistas não apenas da República, mas também da Academia, lugar do filósofo por excelência assim como a Ágora é o lugar por excelência do político.
Ao pensar a filosofia como uma criação de conceitos, Deleuze, junto com Guattari, coloca um problema à filosofia e filosófico: até que ponto a filosofia, os filósofos, os filósofos da academia, voltados para a história da filosofia, que repetem diferente ou buscam imitar o mestre, estão dispostos a aceitar que a criação um pensamento novo, diferente, irreconhecível na história da filosofia com suas teses, antíteses e sínteses ainda escolásticas?
Deleuze, e tantos outros acuados e prefixados pelo termo pós-(moderno-estruturalista[de gênero-sexualidade]-colonialista) assim como Derrida, demonstra como para entrar para a história da filosofia é preciso se sujeitar a esta mesma história, voltar os olhos para o passado, para a Academia, se tornar um sujeito do conhecimento, não criar, contrariamente ao que ele pressupõe e busca senão modificar com sua geofilosofia.
Até que ponto ele consegue, ou ainda, até que ponto conseguimos, enquanto filósofos e filósofas, criar algo novo, que não seja uma síntese dos contrários, numa malfadada terceira via filosófica apolítica, ou uma superação de um contrário pelo outro, numa luta filosófica e política idealizada ou utópica, agônica contra o outro, que leva à destruição de si ou do outro, esta é uma questão filosófica, mas também política, de devir não só do filósofo solitário, mas de uma multiplicidade filosófica que povoa o pensamento atual e virtual, isto é, por vir, aquém e além da história da filosofia, da Academia, em devir.
Até que ponto vão deixar de dizer "Fora!" aqueles que pretendem ser filósofos por não se sujeitarem aos doutores da academia ou se vai se pôr fora dessa história da filosofia e acolher senão todos aqueles que estão fora dela eis uma questão. Como resolvê-la, Deleuze dá uma dica: "Já se saiu, ou então nunca se sairá."
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